O povo brasileiro tem sido notável em sua resposta à tragédia das enchentes que assolaram todo o Rio Grande do Sul. Desde a atuação dos voluntários nos resgates até a generosidade das empresas e entidades da sociedade civil, a solidariedade vista nestes dias é motivo de orgulho. No entanto, o mesmo não pode ser dito da atuação daqueles que nos governam.
Apesar do trabalho incansável das Forças Armadas, órgãos de segurança, bombeiros e da Defesa Civil, a cúpula do poder federal parece mais interessada em capitalizar em cima da agonia dos gaúchos do que em oferecer ajuda efetiva.
A máquina de propaganda governamental, por exemplo, transformou o resgate de um cavalo em espetáculo, enquanto a primeira-dama posou sorridente em um avião da Força Aérea Brasileira com cestas básicas nos assentos. Enquanto isso, o Ministério da Verdade petista buscou silenciar críticas legítimas e usar a tragédia para seus próprios fins políticos.
A visita do presidente Lula à cidade de São Leopoldo foi transformada em comício, onde anunciou medidas de ajuda aos gaúchos, mas em um tom mais adequado para uma campanha eleitoral do que para uma situação de calamidade. A nomeação do ministro Paulo Pimenta como secretário extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul também levanta questões, já que sua experiência está mais voltada para a propaganda do que para a gestão de crises.
Para Lula e seu entorno, a tragédia gaúcha parece ser apenas mais uma oportunidade de autopromoção e de movimentações eleitoreiras. O governo federal tem um papel importante na reconstrução do estado, mas isso deve ser feito com seriedade e respeito às competências de cada entidade envolvida, e não com politicagem rasteira.
