Na Audiência Geral desta quarta-feira, 15, o Papa Francisco fez um apelo à comunidade internacional para fornecer ajuda à população vulnerável do Afeganistão, afetada por enchentes devastadoras que causaram a morte de aproximadamente 300 pessoas em 18 distritos, abrangendo pelo menos três províncias do norte nos últimos dias.
Após o pronunciamento do Papa, padre Giovanni Scalese, o último superior da Missão sui iuris no Afeganistão e único sacerdote católico presente no país, concedeu uma entrevista ao Vaticano News para discutir as consequências das recentes inundações em um povo que já enfrenta uma escassez diária de recursos essenciais para a sobrevivência.
Após quase sete anos no Afeganistão como o único padre católico ativo em Cabul, padre Scalese relembra as difíceis condições sob as quais serviu como missionário. Atualmente, ele está na Itália, repatriado como muitos outros estrangeiros que tiveram que fugir às pressas após a ascensão dos talibãs ao poder.
Segundo o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas, centenas de pessoas ficaram feridas nas recentes inundações e muitas ainda podem estar soterradas sob a lama. A maioria das vítimas está na província de Baghlan, onde as fortes chuvas destruíram cerca de 3 mil residências, inundaram terras agrícolas, levaram gado, fecharam escolas e danificaram hospitais.
Padre Scalese, em sua entrevista ao Vaticano News, expressou sua gratidão pelo apelo do Papa Francisco, destacando a importância de trazer à tona a situação do Afeganistão, que frequentemente é ignorada pela mídia. Ele ressaltou a pobreza generalizada do país e a resiliência do povo afegão diante de desastres recorrentes, mas também enfatizou a necessidade urgente de intervenção internacional para ajudar essas populações necessitadas.
Quanto à falta de atenção da mídia em relação ao Afeganistão após a ascensão dos talibãs, padre Scalese lamentou a seletividade da cobertura jornalística e expressou a esperança de que as organizações internacionais e não governamentais continuem a fazer esforços para ajudar as pessoas afetadas, independentemente do regime político do país.
Sobre suas lembranças como missionário no Afeganistão, padre Scalese compartilhou os desafios enfrentados em um ambiente de guerra constante, mas também mencionou um momento de esperança quando o país foi consagrado ao Imaculado Coração de Maria em 2017, destacando a crença na proteção divina mesmo nas circunstâncias mais difíceis.
