María Elvira Salazar, congressista pela Flórida na Câmara dos Representantes dos EUA, destaca-se como uma figura política proeminente com uma trajetória rica no jornalismo. Filha de refugiados cubanos, sua compreensão profunda dos desafios enfrentados pelas comunidades hispânicas molda suas ações.
Salazar declarou que a coisa mais imediata que o governo americano pode fazer, é cancelar o visto americano do Alexandre de Moraes e de outras figuras no Brasil, que estão violando a liberdade de expressão.
Membro do Partido Republicano, Salazar preside o Subcomitê de Relações Exteriores da Câmara para o Hemisfério Ocidental. Antes de ingressar na política, ela construiu uma carreira notável no jornalismo, contribuindo para grandes redes como CNN em Espanhol, Telemundo e Univisión. Seu trabalho a levou a cobrir eventos globais significativos, como a guerra civil em El Salvador, e a entrevistar figuras proeminentes, incluindo Fidel Castro, Augusto Pinochet, Bill Clinton, George Bush e a Madre Teresa de Calcutá. Salazar acumulou cinco prêmios Emmy ao longo de sua carreira.
Na esfera política, Salazar concentra-se em questões cruciais para os latinos, promovendo políticas que impulsionam a prosperidade econômica e defendem os valores cristãos tradicionais. Eleita para o Congresso em 2020, representando o 27.º Distrito da Flórida, que inclui partes de Miami, ela desempenha um papel ativo nos Comitês de Relações Exteriores e de Pequenas Empresas, influenciando a política externa dos EUA e apoiando empresários locais.
Salazar é reconhecida por sua postura firme contra regimes socialistas autoritários em Cuba, Venezuela e Nicarágua, usando sua posição para defender os direitos humanos e promover a democracia.
Seu compromisso com esses ideais reflete o ativismo que caracterizou sua carreira jornalística, destacando-se por sua habilidade de comunicar questões complexas de forma clara e eficaz. Sua jornada é marcada pela defesa da liberdade e do sonho americano, princípios que busca fortalecer em suas funções legislativas.
Recentemente, Salazar participou de uma audiência na Câmara dos Representantes dos EUA sobre a liberdade de expressão no Brasil, onde criticou duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a sessão, ela denunciou Moraes como um “operador totalitário” e referiu-se a Lula como um “condenado por corrupção”.
Salazar destacou a necessidade de o Brasil ter líderes que respeitem as liberdades fundamentais e apoiem o desenvolvimento democrático, expressando sua preocupação com a situação da liberdade de expressão no país. Suas declarações geraram uma grande repercussão no Brasil, e o subcomitê de Direitos Humanos Globais da Câmara solicitou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos informações sobre denúncias de violações dos direitos humanos no Brasil.
A Gazeta do Povo entrevistou Salazar com exclusividade.
Gazeta do Povo: Como sua experiência como jornalista influencia seu trabalho atual na Câmara dos Representantes dos EUA?
María Elvira Salazar: Minha experiência como jornalista me deu uma compreensão única das questões enfrentadas pelos países da América Latina. Eu testemunhei de perto eventos significativos e entrevistei líderes proeminentes, o que me permitiu adquirir uma perspectiva profunda sobre a região. Agora, como congressista, baseio minhas ações nas lições aprendidas ao trabalhar no jornalismo, buscando promover os interesses dos latinos e defender os valores fundamentais que moldaram minha carreira.
O que a motivou a se comprometer ativamente na luta contra as ditaduras socialistas na América Latina, mesmo morando nos Estados Unidos?
A história dos meus pais como refugiados cubanos sempre foi uma fonte de inspiração para mim. Suas experiências moldaram minha visão de mundo e me ensinaram a valorizar a liberdade e a democracia. Como jornalista, testemunhei os efeitos devastadores do socialismo em países como Cuba e Venezuela. Agora, como congressista, estou determinada a combater esses regimes autoritários e garantir um futuro melhor para os povos da América Latina.
Durante a recente audiência que discutiu a liberdade de expressão e o avanço do autoritarismo no Brasil, quais revelações ou momentos mais lhe surpreenderam?
A audiência foi uma oportunidade importante para destacar as preocupações sobre o estado da democracia no Brasil. Fiquei surpresa com a magnitude das restrições à liberdade de expressão e com a erosão das instituições democráticas no país. É alarmante ver como as autoridades brasileiras estão reprimindo a dissidência e silenciando vozes críticas. É essencial que continuemos a denunciar essas violações e a defender os princípios democráticos em todo o mundo.
Na sua opinião, o Brasil está seguindo o caminho do autoritarismo característico do socialismo do século XXI? Quais sinais indicam essa direção?
Há evidências preocupantes de um declínio democrático no Brasil. O aumento da censura e a perseguição a opositores políticos são indicadores claros de uma tendência autoritária. Além disso, a interferência do governo nas instituições independentes e a repressão à liberdade de expressão são sintomas de um sistema político que se distancia dos princípios democráticos. É crucial que a comunidade internacional esteja atenta a esses desenvolvimentos e exija respeito pelos direitos humanos e pela democracia no Brasil.
A Câmara dos Deputados dos EUA recentemente pediu à OEA que denunciasse violações de direitos humanos no Brasil. O que isso significa na prática para as relações internacionais e para o Brasil?
A solicitação da Câmara dos Deputados dos EUA à OEA, reflete a preocupação internacional com a situação dos direitos humanos no Brasil. Ao pedir uma investigação sobre as violações de direitos humanos, os EUA estão enviando uma mensagem clara de que não tolerarão abusos contra os direitos fundamentais. Isso pode levar a um maior escrutínio da comunidade internacional sobre o Brasil e pressionar o governo a respeitar os princípios democráticos e os direitos humanos.
É possível que as autoridades brasileiras envolvidas em violações de direitos humanos enfrentem sanções internacionais semelhantes às impostas a indivíduos de países autoritários como Cuba, Venezuela e Nicarágua?
Pelo que sei, meu colega, o deputado Chris Smith, está redigindo um projeto de lei sobre a democracia no Brasil. Mas enquanto isso acontece, acho que a coisa mais imediata que o governo dos Estados Unidos pode fazer é cancelar o visto americano de Moraes e de outras figuras no Brasil que violam a liberdade de expressão. Essa é uma decisão que está nas mãos da Casa Branca e do Departamento de Estado, mas certamente podemos pedir que sigam nessa direção, e assim o líder do mundo livre estabelece uma posição em relação ao que está acontecendo no Brasil, enquanto o projeto de lei do deputado Smith percorre o caminho legislativo.
As violações dos direitos humanos devem ser tratadas com seriedade pela comunidade internacional. Se as autoridades brasileiras forem responsáveis por abusos contra os direitos humanos, elas devem enfrentar as consequências de suas ações. Isso pode incluir sanções internacionais e outras medidas destinadas a responsabilizar os culpados e proteger os direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros. A comunidade internacional não pode ficar em silêncio diante de violações flagrantes dos direitos humanos, em qualquer parte do mundo.
Acha que há provas de que o governo Biden pode ter interferido nas eleições brasileiras em conluio com autoridades brasileiras com intenções políticas ou partidárias?
É fundamental que as eleições sejam livres e justas, sem interferência externa ou manipulação política. Qualquer alegação de interferência eleitoral deve ser investigada de forma transparente e imparcial. Se houver evidências de que o governo Biden tentou influenciar as eleições brasileiras para favorecer um determinado candidato ou partido, isso seria profundamente preocupante e minaria a credibilidade do processo democrático. Os EUA devem respeitar a soberania do Brasil e abster-se de qualquer interferência indevida em seu processo eleitoral.
Acha que há provas de ações de censura por parte das Big Techs para silenciar um lado do debate público?
As preocupações com a censura online são legítimas e merecem ser abordadas de forma séria e responsável. As empresas de tecnologia desempenham um papel significativo na moldagem do discurso público e na disseminação de informações. Se houver evidências de que as Big Techs estão censurando seletivamente determinadas visões políticas ou silenciando vozes dissidentes, isso representaria uma ameaça à liberdade de expressão e à diversidade de opiniões. É importante que as empresas de tecnologia operem de forma transparente e imparcial, respeitando os princípios democráticos e os direitos fundamentais dos usuários.
O que os brasileiros podem fazer para garantir a liberdade de expressão?
Os brasileiros desempenham um papel crucial na defesa da liberdade de expressão em seu país. Eles devem continuar a se manifestar contra a censura e a repressão, defendendo os direitos fundamentais de todos os cidadãos. Isso inclui o uso de plataformas de mídia social para amplificar suas vozes e denunciar violações dos direitos humanos. Além disso, os brasileiros podem pressionar seus representantes eleitos a tomar medidas para proteger a liberdade de expressão e fortalecer as instituições democráticas. A luta pela liberdade de expressão é fundamental para a preservação da democracia e do Estado de direito no Brasil.