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sexta-feira, 11 outubro, 2024
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Caos acadêmico: Universidades se tornam ninho de ódio antissemita

Por Marina B.

Neste ano, o Dia da Memória do Holocausto em Israel é vivenciado em meio a um cenário sombrio, destacando a rápida propagação do antissemitismo entre os jovens universitários de destaque, desde os Estados Unidos até a Suíça, impulsionado por uma matriz distorcida e perniciosa do pensamento de esquerda.

Os atos de ódio contra os judeus nas universidades americanas ecoaram, em gestos e palavras, as atrocidades geralmente proclamadas na Cisjordânia e em Gaza pelos extremistas. “Voltem para a Polônia”, foi dito em Columbia. “Queimem Tel Aviv até o fim”, cantaram estudantes americanos, usando bandanas do Hamas, reservadas aos “mártires”, aqueles que sacrificam suas vidas para matar judeus. “Os sionistas não merecem viver”, proclamou o jovem Khymani James. “Al Qassam, nos dê orgulho, mate mais um soldado”.

O Al Qassam é o braço militar do Hamas.

O que está acontecendo nas universidades americanas, onde professores apoiam os gestos mais extremistas dos alunos aos quais ensinaram todas as teorias do ódio sob o disfarce do pensamento pós-moderno, preocupa todas as pessoas do mundo comprometidas com a justiça e com as terríveis lições que a história do século XX nos ensinou.

A desconstrução do pensamento

Não é necessário apoiar Israel de forma incondicional, nem concordar com a maneira como a guerra de Gaza está sendo conduzida para perceber que algo está terrivelmente errado. Como o pacifismo, com suas nobres raízes, foi transformado em apologia e glorificação do terrorismo em suas manifestações mais abomináveis?

Também é perfeitamente possível entender e apoiar a causa palestina por um país próprio, mesmo que este nunca tenha existido antes. Ter um país com língua, fronteiras e instituições políticas compatíveis com sua etnia, cultura e religião é uma aspiração justa, embora muitos povos ainda não desfrutem desse direito, incluindo no próprio Oriente Médio, como os curdos.

Mas o que explica que a esquerda tenha se associado sistematicamente a organizações islamistas fundamentalistas como o Hamas ou o Hezbollah?

Como o antissemitismo, historicamente enraizado na direita, está sendo tão intensamente endossado pelas correntes de esquerda que dominam os ambientes acadêmicos e intelectuais?

A relação entre as teorias neomarxistas de desconstrução de todo o pensamento ocidental e a identificação de Israel como um “inimigo colonial” e dos judeus em geral – cinicamente chamados de “sionistas” – como o extrato privilegiado e “branco” já foi entendida.

É uma terrível ironia. O pensamento maldito que levou ao Holocausto identificava os judeus como uma raça inferior a ser eliminada da Alemanha ariana e pura, onde médicos e cientistas frequentemente “comprovavam” a inferioridade dos que supostamente corrompiam a raça superior.

Em nome dessa maldição, cerca de seis milhões de judeus foram exterminados entre 1933 e 1945. Destes, 1,5 milhão eram crianças. Elas eram as primeiras a serem levadas para as câmaras de gás, junto com os que tinham mais de 50 anos e os doentes. Os adultos fortes trabalhavam até poucos meses antes de serem “substituídos”. No período mais “produtivo”, entre agosto e outubro de 1941, em média 14.348 judeus poloneses eram mortos por dia.

Sono leve

As imagens mais conhecidas são das câmaras de extermínio, onde poucos sobreviventes humanos permaneciam quando os alemães derrotados fugiam, tentando até o último momento matar os últimos infelizes. Mas também estão gravadas na história universal da infâmia as vítimas do “holocausto das balas”, as inúmeras valas comuns onde os judeus dos países da Europa Oriental invadidos pela Alemanha eram fuzilados.

O sionismo, a ideia de um país próprio para os judeus, antecede em muito o Holocausto. Seu codificador, o austríaco Theodor Herzl, escreveu o manifesto “O Estado Judeu” em 1896.

Mas foi o Holocausto que, de maneira simplificada, criou a justificativa moral, aos olhos do resto do mundo, para o Estado de Israel. Foi como se fosse uma dívida a ser paga – sem mencionar um destino para os sobreviventes do genocídio que não podiam ou não queriam voltar para onde moravam antes.

Demonizar este Estado, com toda a sua história obviamente complicada, como a encarnação do mal e realizar festivais de ódio contra os judeus é uma abominação que parece ter se tornado “normal”. São os jovens sendo jovens, fazendo o que se espera dos jovens, dizem os falsos tolerantes quando garotas e rapazes se fantasiam de terroristas do Hamas.

Cada vez mais, descobre-se que estas manifestações foram cuidadosamente planejadas, com cursos online ministrados por organizações como o Samidoun, simpatizantes do terrorismo.

O intelectual irlandês Conor Cruise O’Brien proferiu uma definição que está sendo, tristemente, lembrada nos dias de hoje. “Sempre existem pessoas para as quais o antissemitismo tem um sono leve”, disse ele.

Que esse sentimento reprimido aflore entre defensores de ideias de esquerda, justamente o pensamento que atraiu tantos judeus e outras minorias ao longo da história por defender a superação de todos os preconceitos e discriminações, deve nos assombrar da mesma forma que aqueles sobreviventes humanos dos campos de extermínio nazistas nos encaram há oitenta anos. E exige de todos nós que não permitamos que o TikTok determine o que devemos pensar – e o que devemos esquecer.

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