No ano passado, o Brasil enfrentou a crise da fome com 20,6 milhões de pessoas sem acesso adequado a alimentos, afetando quase um em cada dez lares do país. Além disso, outros 43,5 milhões de brasileiros demonstraram preocupação com a possibilidade de garantir alimentos suficientes. As regiões Norte e Nordeste foram as mais atingidas pela insegurança alimentar.
Esses dados alarmantes são revelados em um novo recorte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 25. Os números referem-se ao último trimestre de 2023. Embora mostrem uma redução na insegurança alimentar em comparação com anos anteriores, como 2017 e 2018, ainda são piores do que em 2013.
No final do ano passado, cerca de 11,92 milhões de brasileiros viviam em lares com insegurança alimentar moderada, enquanto outros 8,67 milhões enfrentavam insegurança alimentar grave. Esses números somam os 20,6 milhões sem acesso adequado a alimentos.
Segundo a escala brasileira, a insegurança alimentar moderada refere-se à redução na quantidade de alimentos para adultos ou piora nos padrões alimentares. Já a insegurança alimentar grave indica que até mesmo as crianças na residência não estão sendo alimentadas adequadamente – ou seja, a fome já é uma realidade naquele lar.
No entanto, o IBGE ressalta que a PNADC não consegue quantificar o número total de brasileiros passando fome.
“A pesquisa visa classificar o domicílio. Se ele está com insegurança alimentar moderada, isso indica que já há dificuldade em manter uma variedade de alimentos e há restrição na quantidade, pelo menos entre os adultos. Na insegurança alimentar grave, a situação é ainda mais crítica, podendo incluir até a falta de alimentos para as crianças”, explica André Martins, analista do IBGE.
O levantamento também mostrou que, no total, 43,56 milhões de brasileiros expressaram preocupação ou incerteza sobre sua capacidade de ter acesso a alimentos no futuro, o que é considerado insegurança alimentar leve.
Em termos regionais, os Estados do Norte e Nordeste apresentaram os maiores índices de insegurança alimentar, enquanto as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul registraram os maiores percentuais de lares em segurança alimentar. Mais da metade (50,9%) dos domicílios com insegurança alimentar moderada ou grave tinha uma renda per capita inferior a meio salário mínimo.
