O governo desfrutou de um período favorável, mas a lua de mel entre a Faria Lima e o governo Lula parece ter chegado ao fim, apenas 16 meses após sua posse e oito meses após a aprovação do novo arcabouço fiscal pelo Congresso, que substituiu o teto de gastos.
Com o envio do PLDO ao Congresso, que revisa para baixo as metas fiscais e a dívida pública em 2025 e 2026, a ilusão de um cenário idílico, alimentada por muitos do mercado, recebeu um choque de realidade. Analistas que anteriormente apoiavam as políticas do governo agora criticam a deterioração fiscal e o aumento da dívida pública, enquanto o próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admite que o arcabouço se tornou uma peça de ficção.
A mudança de humor em relação à política fiscal já era perceptível nos mercados, com o dólar e os juros futuros em alta e a Bolsa em queda. As pesquisas e previsões econômicas também captaram essa tendência. Agora, mesmo os mais otimistas reconhecem a realidade, abandonando a visão predominante anterior.
Os analistas do mercado já não confiam mais na promessa de déficit zero em 2024, conforme consta no arcabouço fiscal, e as previsões apontam para um rombo nas contas públicas. O reconhecimento tardio do fracasso do novo arcabouço é atribuído à visão positiva amplamente divulgada pelos representantes do mercado desde o início das discussões sobre a proposta.