Em 2023, não houve grandes mudanças nas áreas sociais, no cenário político do Congresso ou nas posturas adotadas pelo presidente Lula e pelo PT em relação à política externa. No entanto, um aspecto se destacou: a economia foi um sucesso, superando as previsões com um PIB robusto e indicadores positivos, além da aprovação da reforma tributária. Já em 2024, a situação mudou drasticamente, com a economia estagnada e começando a declinar.
Estamos agora em meados de abril, e nem mesmo os projetos de regulamentação da reforma tributária foram encaminhados ao Congresso. O ministro Fernando Haddad reconheceu a impossibilidade de alcançar um superávit fiscal em 2025 e 2026, antecipando-se ao diagnóstico do FMI. Se houver superávit, será sob o próximo governo.
Haddad lutou incansavelmente pela arrecadação, mas Lula, os líderes do PT e da Casa Civil permanecem firmes em sua convicção de que gastar é o melhor caminho, trazendo bem-estar, felicidade e votos. Consideram qualquer outra abordagem como insensível e favorável apenas aos interesses do mercado. No entanto, essa estratégia pode ser prejudicial e perigosa.
Com uma série de equívocos, Haddad deixou as questões econômicas para serem enfrentadas no pior momento possível. Enquanto Arthur Lira lidera o Congresso em um clima de conflito com o Judiciário e o Executivo, o bolsonarismo se fortalece com ataques de várias frentes, inclusive de deputados republicanos dos EUA mirando Alexandre de Moraes para atingir Lula.
Ignorar o poder das redes sociais e o avanço da extrema direita é uma visão antiquada e perigosa. O ambiente político está turbulento, com o Congresso agindo como amplificador das vozes que antes não eram ouvidas. Sem uma liderança política eficaz no Planalto, torna-se difícil aprovar medidas razoáveis e benéficas para o país.
Um exemplo disso é o projeto de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que aumenta os privilégios do Judiciário enquanto os profissionais da Educação estão em greve por melhores condições. Enquanto se aperta o cinto na Educação em nome do ajuste fiscal, são destinados bilhões a mais para o Judiciário, sem respeitar o teto salarial do funcionalismo público.
Arthur Lira, no centro da tempestade política, busca alianças que refletem uma guinada ainda mais à direita, desafiando o governo e o STF. Os eleitores estão atentos a essas movimentações e percebem para onde as coisas estão se encaminhando.