A decisão de Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, de incluir na pauta de votações um projeto que fragiliza uma das bandeiras do presidente Lula, provocou uma reação imediata. O petista telefonou de sua agenda na Colômbia para José Guimarães, líder do governo na Casa, em busca de informações.
Lira colocou em discussão um requerimento de urgência de um projeto que anula uma portaria do Ministério do Trabalho e um decreto do governo que regulamenta a Lei de Igualdade Salarial, sancionada pelo petista em julho de 2023.
A urgência foi tema de uma reunião entre Lira, Guimarães e o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Relatos indicam que Lira expressou descontentamento com o Palácio do Planalto, mencionando a exoneração de seu primo de um cargo no Incra em Alagoas.
Apesar disso, emissários do governo afirmaram que Lira havia se comprometido a não levar o assunto ao plenário, assim como outro projeto que facilita a retirada de invasores de propriedades privadas.
No entanto, diante da possibilidade de votação, parlamentares governistas e membros do Executivo articularam pela retirada da urgência da pauta. A bancada feminina manifestou sua contrariedade à inclusão na ordem do dia.
Durante a sessão, a deputada Maria do Rosário informou que Lira atendeu ao pedido da bancada. O projeto em questão regulamenta mecanismos de transparência salarial, sendo alvo de pedidos na Justiça.
Apresentado por parlamentares da oposição, o projeto conta com o apoio de membros do governo, mas há uma avaliação de que essa atitude de Lira reflete seu descontentamento com o governo.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, fez um apelo aos parlamentares para que reconsiderassem o projeto, destacando sua importância para a discussão sobre a igualdade salarial entre homens e mulheres.
A possibilidade de votação do requerimento de urgência também gerou reações nas redes sociais, com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, manifestando-se contra qualquer retrocesso na paridade salarial entre os gêneros.