Quando era candidato, Luiz Inácio Lula da Silva prometeu uma frente ampla contra Jair Bolsonaro e pregou a pacificação política do Brasil. Contudo, uma vez eleito, suas ações contradisseram essas palavras, demonstrando uma retórica eleitoreira. No governo, Lula não fez nada para reduzir a polarização ideológica no país e favoreceu aliados de esquerda em suas nomeações ministeriais. Agora, percebe-se que até mesmo os movimentos esquerdistas que apoiam o governo estão perdendo espaço para o Partido dos Trabalhadores.
Um exemplo recente disso foi uma reunião convocada por Lula no último sábado, na qual apenas indivíduos ligados ou próximos ao PT foram selecionados para participar. Isso causou desconforto entre outros líderes sociais. A presidente da União Nacional dos Estudantes, Manuella Mirella, foi preterida em favor de membros ligados ao PT, apesar de ser nordestina e negra, por ser filiada ao PC do B.
A exclusão da presidente da UNE é especialmente arriscada, já que essa posição costuma ser uma plataforma de lançamento para futuras figuras políticas. A reação de membros do movimento sindical também foi negativa. A Central Única dos Trabalhadores, historicamente ligada ao PT, foi a única organização sindical presente na reunião, causando indignação entre outros líderes sindicais.
O governo tentou amenizar a situação, afirmando que essa foi apenas a primeira de uma série de reuniões planejadas por Lula para discutir a relação do governo com os movimentos sociais. No entanto, essa explicação não conseguiu dissipar o mal-estar causado pelas escolhas do governo.
Ao contrário de Jair Bolsonaro, que inicialmente hostilizou o Centrão, Lula parece estar dando cada vez mais poder aos petistas, enquanto o Centrão é deixado de lado. Essa estratégia pode ser arriscada, especialmente considerando as disputas internas no PT e os desafios políticos enfrentados pelo governo. Lula, que já foi conhecido por suas habilidades políticas, parece estar perdendo sua eficácia nesse aspecto e precisa reagir rapidamente para evitar a desunião em seu governo.