Em meio a uma fervilhante discussão pública entre membros do governo Lula, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, foi notado por sua ausência na reunião extraordinária do Conselho de Administração da estatal, marcada para a tarde desta sexta-feira, dia 5, conforme informado por três fontes à Coluna do Estadão. O tema em destaque era a possível distribuição de dividendos extraordinários pela companhia.
Prates recorreu ao X (anteriormente conhecido como Twitter) ontem para ridicularizar os boatos sobre sua destituição. “Amanhã, às 7h09, estarei de volta à empresa, pois sempre tenho uma agenda repleta”, publicou o presidente da Petrobras, simulando uma mensagem de WhatsApp. Questionado sobre sua ausência, Prates não se pronunciou.
A convocação da reunião do Conselho de Administração veio após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitar ao grupo uma avaliação sobre a viabilidade de distribuir dividendos aos acionistas, incluindo o governo, sem comprometer o plano de investimentos da estatal, conforme revelado pela Coluna do Estadão na quinta-feira, dia 4.
Após a análise desses dados, o presidente poderia instruir os conselheiros alinhados ao governo a votarem a favor da distribuição extraordinária de dividendos. Essa parece ser a tendência.
O Palácio do Planalto mantém um firme controle sobre os votos de seus representantes no Conselho da Petrobras e, desta vez, pode orientá-los a apoiar a remuneração extra aos acionistas durante a reunião programada para 25 de abril.
Na última ocasião, o governo solicitou a retenção dos dividendos extraordinários. O objetivo é tentar melhorar a capacidade de financiamento da Petrobras, assegurando a execução do plano de investimentos. Essa decisão desapontou o mercado financeiro e resultou na queda das ações da empresa.
No entanto, houve uma mudança de direção após uma reunião entre os ministros Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) realizada na quinta-feira no Palácio do Planalto. Segundo relatos, o chefe da equipe econômica defendeu a distribuição extraordinária dos dividendos, especialmente porque a União, como acionista majoritária da estatal, necessita dos recursos para cumprir a meta de déficit fiscal zero do governo.
Haddad argumentou, e essa posição será levada a Lula para a decisão final, que a Petrobras está com seu plano de investimento consideravelmente atrasado, o que reduz a necessidade de uma grande capacidade de financiamento este ano. Isso abriria espaço para a distribuição de dividendos extraordinários, atendendo também a uma demanda do mercado.