Nesta quarta-feira (3), Chipre fez um apelo veemente à União Europeia (UE) para conter uma recente onda de refugiados, principalmente sírios, que estão chegando por mar através do Líbano, afirmando que a capacidade de recepção da ilha estava no limite.
“Estamos testemunhando essencialmente um influxo de barcos em péssimo estado e de refugiados colocando suas vidas em risco”, declarou Constantinos Ioannou, ministro do Interior de Chipre.
Nos últimos dias, mais de 600 pessoas chegaram a Chipre, aproveitando as condições climáticas favoráveis. A jornada marítima do Líbano ou da Síria até Chipre leva cerca de 10 horas.
“Todos os indícios apontam para uma continuação desse cenário”, disse Ioannou à rádio estatal, referindo-se ao aumento nas chegadas.
Ele acrescentou que isso tem sido ainda mais impulsionado pela redução do foco das autoridades libanesas em conter a migração em sua costa nos últimos meses, especialmente em meio às tensões na fronteira libanesa-israelense.
Chipre há tempos vem solicitando aos parceiros da UE que declarem áreas seguras na Síria devastada pela guerra, o que poderia facilitar o retorno de seus cidadãos em fuga. Além disso, deseja que a assistência da UE ao Líbano esteja condicionada à interrupção da saída de migrantes, acrescentou Ioannou.
O Líbano abriga dezenas de milhares de refugiados sírios.
Dados oficiais indicam que 2.004 pessoas chegaram a Chipre por via marítima nos primeiros três meses deste ano, em comparação com apenas 78 no mesmo período de 2023.
O presidente cipriota, Nikos Christodoulides, em raras declarações enfáticas, afirmou que o Líbano não deveria “exportar” seu problema de migração. Ele discutiu a questão com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, na terça-feira.
“Os traficantes fornecem apenas uma bússola ajustada para 285 graus, comida e água para um dia, e eles partem”, disse Ioannou.
Com base em entrevistas com refugiados, os traficantes estavam cobrando US$ 3.000 por uma viagem para Chipre, em comparação com US$ 7.000 para a Itália.