Após 45 dias de esforços infrutíferos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou o fim da mobilização policial para capturar os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), ocorrida em meados de fevereiro, durante a Sexta-Feira Santa. O ministro Ricardo Lewandowski declarou que agora o foco será em ações de inteligência, deixando implícito que, nesse aspecto, os fugitivos podem se sentir seguros.
A questão central não é a falta de informações, já que havia conhecimento abundante sobre as deficiências de segurança da penitenciária. O governo federal tinha ciência de mais de 120 câmeras de vigilância quebradas e da estrutura física precária da prisão. É surpreendente que a fuga não tenha ocorrido antes.
Portanto, de nada adianta ter inteligência se o governo não sabe como usá-la. Com governos negligentes, como os atuais e anteriores, a fuga dos criminosos teria ocorrido independentemente das informações disponíveis.
Apesar da mobilização de cerca de 500 agentes federais, além do Corpo de Bombeiros e das Polícias Militares de cinco estados, coordenados pelo ministro Lewandowski, muitos especialistas em segurança pública criticaram a falta de coordenação das atividades policiais. Essa falta de centralização permitiu decisões erráticas e conflitantes, proporcionando tempo suficiente para que os fugitivos escapassem do perímetro de busca.
É evidente que a escolha de uma mobilização espetacular foi uma tentativa do governo de Lula de remediar sua gestão falha da segurança pública. No entanto, como ficou claro, essa estratégia foi em vão.
A responsabilidade por essa falha de gestão recai menos sobre Lewandowski e mais sobre o presidente. É notório que o ministro não tem perfil executivo nem de liderança para coordenar uma operação tão complexa. Se Lewandowski não é a pessoa adequada para o cargo, que outro mais competente assuma a liderança. Enquanto isso, resta ao país esperar que o governo comece a utilizar efetivamente as informações de inteligência disponíveis.