A principal política da União Europeia para restaurar a natureza danificada está agora em risco, com a votação para aprovar a lei cancelada após a Hungria retirar seu apoio ao projeto.
A votação prevista para essa segunda-feira (25), entre os ministros do Meio Ambiente dos países da UE foi cancelada depois que a Hungria anunciou na semana passada que não apoiaria mais a política, reduzindo ainda mais a já escassa maioria de países a favor.
A legislação ambiental, conhecida como lei da natureza, é a mais recente a enfrentar críticas dentro da UE, enquanto os líderes políticos tentam lidar com meses de protestos intensos de agricultores, que têm reclamado contra regulamentações ambientais rigorosas. A UE já suavizou diversas regras ambientais para tentar aplacar os protestos.
“A agricultura é um setor crucial, não apenas na Hungria, mas em toda a Europa”, afirmou Aniko Raisz, secretária de Estado do Meio Ambiente da Hungria, em entrevista à imprensa nessa segunda-feira (25).
Raisz ressaltou que a Hungria não se opõe à proteção da natureza, mas argumentou que os objetivos ambientais precisam ser realistas e levar em conta os setores afetados.
Alguns diplomatas da UE sugeriram que a decisão da Hungria foi mais política do que baseada em questões ambientais, observando que o país já possui vastas áreas naturais protegidas.
O ministro do clima da Holanda, Rob Jetten, reconheceu o aumento do escrutínio político das medidas ambientais, especialmente com as eleições para o Parlamento da UE se aproximando em junho.
“Com as próximas eleições europeias, sair dessa posição não será fácil”, comentou Jetten sobre a legislação ambiental da UE.
Alguns países da UE alertaram contra o cancelamento da política. Os ministros do Meio Ambiente deveriam discutir os próximos passos da lei na tarde dessa segunda-feira (25).
“Não podemos desistir. Exorto os Estados-membros a alcançarem um avanço nesta lei”, afirmou Steffi Lemke, ministra do Meio Ambiente da Alemanha.
A ministra do clima da Espanha, Teresa Ribera, considerou uma “enorme irresponsabilidade” reduzir os esforços para combater a crescente perda de natureza e as mudanças climáticas.
A lei proposta seria uma das políticas ambientais mais importantes da UE, exigindo que os países implementassem medidas para restaurar a natureza em um quinto de suas terras e mares até 2030, visando recuperar 81% dos habitats naturais classificados como em mau estado na Europa. No entanto, a política enfrentou oposição de alguns governos e legisladores preocupados com seu impacto sobre os agricultores e outras indústrias. Além da Hungria, Itália, Polônia e Suécia se opuseram à lei, enquanto Bélgica e Áustria devem se abster, segundo autoridades da UE.
