Alfredo Gaspar se diz impressionado com fragilidade do sistema e aponta afrouxamento de regras e apadrinhamento político como fatores-chave do esquema
O relator da CPMI do INSS, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que o instituto estava “pronto para ser saqueado” pela organização criminosa responsável por fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas. Em entrevista ao podcast Diário do Poder, Gaspar disse estar impressionado com a facilidade com que o grupo teve acesso aos recursos da autarquia.
“O que impressiona é a falta de qualificação das pessoas dessa estrutura criminosa, que capturaram bilhões de reais. A gente pensa que, para ser bandido nessa magnitude, precisa ser altamente inteligente, mas essas pessoas percorreram caminhos comuns”, declarou.
Regras frouxas e falhas estruturais
Segundo Gaspar, não houve engenharia complexa na operação do esquema, mas sim um ambiente institucional fragilizado, marcado por regras frouxas para a criação e registro de supostas associações e entidades representativas.
O relator relata que o sistema facilitado permitiu que organizações de fachada fossem criadas sem rigor técnico, abrindo brechas para descontos ilegais que atingiram milhões de segurados.
Indícios de apadrinhamento político
Gaspar afirmou não ter dúvidas de que houve apadrinhamento político para permitir que o esquema bilionário se consolidasse dentro da estrutura do INSS.
“O dinheiro estava fácil”, disse o parlamentar. “E para estar fácil desse jeito, houve claramente apoio político que possibilitou esse funcionamento.”
Obstáculos aos trabalhos da CPMI
O relator também destacou os desafios enfrentados pela comissão. Entre os principais entraves, citou:
- habeas corpus em excesso concedidos pelo STF,
- interesses partidários,
- proteção de agentes políticos envolvidos.
Segundo Gaspar, essas interferências “prejudicam” o avanço das apurações e reduzem a efetividade da CPMI.
“STF poderia ajudar não atrapalhando”
Gaspar afirmou que a CPMI ainda tem muito trabalho pela frente e sugeriu que o Supremo Tribunal Federal deveria evitar ações que dificultem a investigação.
“Os ministros do STF poderiam ajudar não atrapalhando”, declarou o relator, ao reforçar que o esquema só foi possível devido a uma combinação de falhas administrativas, fragilidade normativa e influência política.