Mesmo em situação de quase insolvência, estatal firmou acordos com companhias aéreas e serviços de hospedagem durante a conferência climática em Belém
Mesmo enfrentando uma grave crise financeira, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) desembolsou R$ 19,5 milhões em contratos relacionados à COP30, conferência sobre mudanças climáticas que ocorre em Belém (PA). A estatal, que o próprio presidente Fabiano Silva dos Santos já admitiu estar em situação próxima da insolvência, tem sido alvo de críticas pela gestão de gastos durante o evento internacional.
Segundo dados de contratos públicos, os Correios firmaram acordos com companhias aéreas e empresas de logística para serviços relacionados à operação da conferência. A Latam Airlines aparece entre as principais beneficiadas, com sete contratos que totalizam mais de R$ 1,3 milhão.
Contratos milionários com companhias aéreas
De acordo com os registros, a Latam foi contratada para ceder espaço nos porões de aeronaves ao transporte de cargas vinculadas à “operação logística COP30”. Já a Azul Linhas Aéreas, que prestará o mesmo tipo de serviço, receberá R$ 4,5 milhões pelos contratos firmados.
A Sideral Linhas Aéreas, por sua vez, assinou dois contratos que somam R$ 7,9 milhões, enquanto a empresa Cargo Way Event foi contratada para serviços de logística no valor de R$ 7,5 milhões.
Especialistas em finanças públicas apontam que os valores chamam atenção diante da fragilidade orçamentária da estatal, que acumula prejuízos consecutivos e tem dificuldades para honrar compromissos operacionais e trabalhistas.
Hospedagens e despesas complementares
Além dos contratos de transporte e logística, os Correios também registraram gastos com hospedagens em Belém. A estatal fechou três reservas na Mirití Pousada, totalizando R$ 67.197,00 — o equivalente a R$ 22.399,00 por acomodação.
Os valores, considerados elevados, reforçam críticas de “gastança desproporcional” em meio à crise financeira da empresa pública, que segue sem apresentar plano de reestruturação efetivo.
Situação crítica da estatal
O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, reconheceu recentemente que a companhia opera em déficit e depende de injeção de recursos federais para manter suas atividades. Apesar disso, a estatal continua firmando contratos de alto valor e ampliando despesas administrativas.
Nos bastidores de Brasília, a postura é interpretada como incoerente com o discurso de austeridade fiscal adotado pelo governo. Parlamentares da oposição devem cobrar explicações do Ministério das Comunicações e do próprio Palácio do Planalto sobre os gastos da empresa com o evento internacional.