A base de apoio ao governo Lula, incluindo o PT, agora questiona os efeitos nocivos das apostas online, apesar de ter aprovado, em peso, o projeto de lei que regulamentou o setor no ano passado. O mesmo governo que promoveu a regularização das bets agora enfrenta críticas de seus próprios integrantes, que admitem ter subestimado os impactos negativos das apostas no cotidiano dos brasileiros.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, afirmou recentemente que a regulamentação abriu as “portas do inferno”, reconhecendo que os efeitos nocivos das apostas foram ignorados. No entanto, essa reviravolta mostra uma clara falta de planejamento e um viés oportunista. Ao invés de antecipar os impactos sociais, a base governista parece ter se precipitado em aprovar a medida, motivada pela expectativa de arrecadação, sem considerar as consequências para milhões de brasileiros que agora sofrem com endividamento e dependência do jogo.
Desde 2018, as apostas são liberadas no país, mas o fenômeno ganhou força sob o governo Lula, que editou uma medida provisória para regular o mercado. Mesmo assim, figuras importantes do PT, como Gleisi, agora tentam se distanciar da decisão e defender uma nova análise do tema. Esse comportamento levanta questionamentos sobre a competência do partido em gerir as consequências de suas próprias políticas.
Reginaldo Lopes, também do PT, apresentou um projeto de lei que proíbe o uso de cartões de crédito e contas bancárias do Bolsa Família em apostas, mas a contradição persiste. Se o problema era tão claro, por que o governo, que agora admite os danos, não vetou o uso dessas formas de pagamento no início? Além disso, a divergência entre Gleisi e Lopes sobre como tratar os beneficiários do Bolsa Família expõe a falta de uma linha coerente de ação dentro do partido.
É evidente que a base do governo se precipitou em aprovar a legalização das bets, sem se preocupar com o impacto devastador nas finanças de milhões de brasileiros. Agora, com dados que mostram 1,3 milhão de inadimplentes e relatos de vício crescente, a base de Lula tenta correr atrás do prejuízo, propondo mudanças que, na verdade, deveriam ter sido previstas antes.
Outros parlamentares, como Marx Beltrão (PP-AL) e Luiz Gastão (PSD-CE), também apresentaram propostas visando endurecer as regras de propaganda e tipificar como crime a promoção de apostas por influenciadores digitais. A crescente pressão política deixa claro que o governo falhou em implementar uma regulamentação adequada para proteger a população mais vulnerável.
O fato de que o próprio Banco Central revelou que beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas online em apenas um mês demonstra o tamanho da irresponsabilidade do governo em não ter antecipado o impacto dessa legalização. Enquanto isso, a arrecadação que o governo tanto esperava começa a ser ofuscada pelo caos social e econômico que a proliferação das apostas está causando.
Em resumo, o governo Lula e o PT, ao buscar regulamentar o setor das apostas online sem considerar as implicações sociais e econômicas, agora enfrentam uma crise que eles mesmos criaram. Ao invés de liderar com responsabilidade, abriram as portas para um problema que ameaça destruir a estabilidade financeira de milhões de famílias brasileiras.
