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Folha: Investigação de ONG acha fluxo de gado entre Terra Indígena Apyterewa e JBS, Marfrig e Minerva

Por Alexandre Gomes

O Caso

A Global Witness, uma organização dedicada a investigar abusos ambientais e humanos em setores como o petrolífero e pecuário, identificou que 7.795 cabeças de gado criadas em áreas ilegais da Terra Indígena Apyterewa foram enviadas para abatedouros da JBS entre 2018 e 2023. Destas, 561 foram compradas diretamente de uma fazenda de São Félix do Xingu (PA), envolvida na criação ilegal dentro da terra indígena. O restante passou por um processo de “lavagem” de gado, onde os animais foram transferidos de propriedades ilegais para fazendas legalizadas antes de serem enviados para os frigoríficos.

No caso da Marfrig, foram encontrados 94 animais provenientes diretamente de uma propriedade com criação ilegal em Apyterewa, além de 2.691 cabeças que entraram na cadeia produtiva de forma indireta.

A Minerva também foi citada na investigação por ter adquirido, indiretamente, 277 animais criados na terra indígena.

Respostas das Empresas

As três empresas foram procuradas pela Global Witness para se posicionar sobre as descobertas. A JBS, em resposta, afirmou que a fazenda envolvida está bloqueada desde julho de 2020 e que, antes dessa data, estava em conformidade com as políticas vigentes da empresa. No entanto, a JBS não explicou por que o bloqueio ocorreu apenas em 2020, já que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) da fazenda foi suspenso devido à sobreposição com a Terra Indígena Apyterewa.

A Marfrig, por sua vez, informou que parou de comprar da fazenda mencionada em agosto de 2019, quando, segundo a empresa, a propriedade estava em conformidade com as exigências socioambientais. No entanto, o relatório do Ministério Público Federal (MPF), conhecido como “Boi Pirata”, contradiz a versão da empresa, apontando que a fazenda estava localizada dentro da área indígena e apresentando evidências de movimentação de gado para a Marfrig.

A Minerva não respondeu à Folha de S. Paulo, mas em nota à ONG afirmou que não mantém relações diretas com propriedades sobrepostas à Terra Indígena Apyterewa, embora tenha admitido que o monitoramento de fornecedores indiretos é um desafio para o setor.

Impacto Econômico e Conexões Bancárias

A investigação também destacou a relação entre os frigoríficos e grandes instituições financeiras. O banco britânico Barclays, por exemplo, teria lucrado US$ 1,7 bilhão ao financiar a JBS globalmente durante o período analisado. Instituições brasileiras como o BNDES e o BTG Pactual também foram mencionadas, tendo recebido mais de US$ 500 milhões e US$ 140 milhões, respectivamente, em renda proveniente de investimentos na JBS.

O BNDES, em resposta, disse que desde 2023 só aprova financiamentos para imóveis sem indícios de desmatamento ilegal e que, como acionista minoritário, não participa diretamente da gestão da JBS. Já o BTG Pactual afirmou que todas as suas transações passam por um rigoroso processo de diligência socioambiental.

Como Foi Feita a Investigação

A Global Witness contou com a colaboração do Center for Climate Crime Analysis (CCCA) e do grupo de pesquisa Profundo para a análise dos dados. O CCCA foi responsável pelo cruzamento de informações da cadeia produtiva, utilizando como base o relatório “Boi Pirata” do MPF e dados de guias de trânsito animal (GTAs). Já o Profundo se concentrou na análise dos investimentos e fluxos de crédito relacionados à JBS, sem examinar as outras empresas.

A Terra Indígena Apyterewa é uma das áreas mais desmatadas do Brasil, e o avanço da pecuária nessas terras contribui para a degradação ambiental e os conflitos com comunidades indígenas. A investigação da Global Witness reforça a complexidade e os desafios no combate à criação ilegal de gado e a necessidade de maior transparência e responsabilidade por parte das empresas envolvidas no setor.

Uma investigação realizada pela ONG Global Witness revelou que gado criado ilegalmente dentro da Terra Indígena Apyterewa, no Pará, entrou na cadeia produtiva de três dos maiores frigoríficos do Brasil: JBS, Marfrig e Minerva. A investigação, divulgada nesta quinta-feira (26), aponta irregularidades que envolvem tanto fornecedores diretos quanto indiretos dessas empresas, com evidências de que animais criados ilegalmente em áreas protegidas foram processados por essas gigantes da pecuária.

O Caso

A Global Witness, uma organização dedicada a investigar abusos ambientais e humanos em setores como o petrolífero e pecuário, identificou que 7.795 cabeças de gado criadas em áreas ilegais da Terra Indígena Apyterewa foram enviadas para abatedouros da JBS entre 2018 e 2023. Destas, 561 foram compradas diretamente de uma fazenda de São Félix do Xingu (PA), envolvida na criação ilegal dentro da terra indígena. O restante passou por um processo de “lavagem” de gado, onde os animais foram transferidos de propriedades ilegais para fazendas legalizadas antes de serem enviados para os frigoríficos.

No caso da Marfrig, foram encontrados 94 animais provenientes diretamente de uma propriedade com criação ilegal em Apyterewa, além de 2.691 cabeças que entraram na cadeia produtiva de forma indireta.

A Minerva também foi citada na investigação por ter adquirido, indiretamente, 277 animais criados na terra indígena.

Respostas das Empresas

As três empresas foram procuradas pela Global Witness para se posicionar sobre as descobertas. A JBS, em resposta, afirmou que a fazenda envolvida está bloqueada desde julho de 2020 e que, antes dessa data, estava em conformidade com as políticas vigentes da empresa. No entanto, a JBS não explicou por que o bloqueio ocorreu apenas em 2020, já que o Cadastro Ambiental Rural (CAR) da fazenda foi suspenso devido à sobreposição com a Terra Indígena Apyterewa.

A Marfrig, por sua vez, informou que parou de comprar da fazenda mencionada em agosto de 2019, quando, segundo a empresa, a propriedade estava em conformidade com as exigências socioambientais. No entanto, o relatório do Ministério Público Federal (MPF), conhecido como “Boi Pirata”, contradiz a versão da empresa, apontando que a fazenda estava localizada dentro da área indígena e apresentando evidências de movimentação de gado para a Marfrig.

A Minerva não respondeu à Folha de S. Paulo, mas em nota à ONG afirmou que não mantém relações diretas com propriedades sobrepostas à Terra Indígena Apyterewa, embora tenha admitido que o monitoramento de fornecedores indiretos é um desafio para o setor.

Impacto Econômico e Conexões Bancárias

A investigação também destacou a relação entre os frigoríficos e grandes instituições financeiras. O banco britânico Barclays, por exemplo, teria lucrado US$ 1,7 bilhão ao financiar a JBS globalmente durante o período analisado. Instituições brasileiras como o BNDES e o BTG Pactual também foram mencionadas, tendo recebido mais de US$ 500 milhões e US$ 140 milhões, respectivamente, em renda proveniente de investimentos na JBS.

O BNDES, em resposta, disse que desde 2023 só aprova financiamentos para imóveis sem indícios de desmatamento ilegal e que, como acionista minoritário, não participa diretamente da gestão da JBS. Já o BTG Pactual afirmou que todas as suas transações passam por um rigoroso processo de diligência socioambiental.

Como Foi Feita a Investigação

A Global Witness contou com a colaboração do Center for Climate Crime Analysis (CCCA) e do grupo de pesquisa Profundo para a análise dos dados. O CCCA foi responsável pelo cruzamento de informações da cadeia produtiva, utilizando como base o relatório “Boi Pirata” do MPF e dados de guias de trânsito animal (GTAs). Já o Profundo se concentrou na análise dos investimentos e fluxos de crédito relacionados à JBS, sem examinar as outras empresas.

A Terra Indígena Apyterewa é uma das áreas mais desmatadas do Brasil, e o avanço da pecuária nessas terras contribui para a degradação ambiental e os conflitos com comunidades indígenas. A investigação da Global Witness reforça a complexidade e os desafios no combate à criação ilegal de gado e a necessidade de maior transparência e responsabilidade por parte das empresas envolvidas no setor.

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