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sábado, 23 novembro, 2024
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Discurso de Lula na ONU: Um apelo ideológico sem concretude

Por Alexandre Gomes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez mais uma vez um discurso na Assembleia Geral da ONU marcado por retórica ideológica e propostas que carecem de viabilidade prática. Em vez de focar em soluções objetivas para os desafios globais, Lula fez ataques às redes sociais, à iniciativa privada e defendeu uma reforma utópica no Conselho de Segurança da ONU, além de trazer promessas sobre questões climáticas que contrastam com a realidade do Brasil.

Críticas às redes sociais

Ao criticar a rede social X (antigo Twitter) e, indiretamente, Elon Musk, Lula insistiu na necessidade de “controle” sobre as plataformas digitais, sugerindo que o Estado deve regular as redes sociais para combater o que ele considera abusos. A ideia, disfarçada de defesa da soberania, soa como um ataque à liberdade de expressão e à livre circulação de ideias. Lula falou sobre a “soberania digital”, mas evitou tocar no delicado equilíbrio entre liberdade e controle estatal, levantando preocupações sobre o uso político desse tipo de regulação, que pode servir para cercear críticas e opiniões contrárias ao governo.

Ele não mencionou o verdadeiro problema: a histórica corrupção desenfreada nas instituições brasileiras e o mau uso do aparato estatal, que descredibiliza qualquer tentativa de regulação sem uma reforma estrutural.

Mudanças climáticas

Lula tentou posicionar-se como um defensor do meio ambiente, destacando a crise das queimadas no Brasil. Prometeu combater o desmatamento e responsabilizar garimpeiros ilegais e o crime organizado pela destruição ambiental. No entanto, os números não mentem: o Brasil enfrenta em 2024 uma das piores crises de queimadas da última década. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que mais de 224 mil km² foram destruídos pelas queimadas até agosto deste ano, quase o dobro da área queimada em 2023. O discurso ambiental de Lula parece, no mínimo, vazio, dada a ineficácia do seu governo no combate à devastação ambiental.

Além disso, a promessa de erradicar o desmatamento soa utópica, especialmente em um governo que falha em implementar medidas robustas de fiscalização e controle, enquanto finge abraçar a agenda ambiental para conquistar protagonismo internacional.

Reforma do Conselho de Segurança da ONU

Lula também voltou a defender uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, pedindo assentos permanentes para países da América Latina e da África. Embora a ideia de democratizar a governança global seja nobre, a proposta de Lula ignora as complexidades diplomáticas e geopolíticas que tornam tal reforma praticamente impossível. O direito de veto dos cinco membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia) é um mecanismo arraigado nas estruturas de poder mundial, e a simples defesa da sua eliminação, sem uma estratégia concreta para implementá-la, soa mais como retórica vazia para agradar audiências internas do que um plano viável de governança global.

A falta de realismo na proposta de reforma do Conselho de Segurança expõe a desconexão do discurso de Lula com as verdadeiras dinâmicas do poder internacional. Enquanto o presidente tenta se projetar como líder de um mundo mais justo, ele ignora os entraves geopolíticos que fazem sua sugestão parecer fantasiosa.

Falta de foco em crises reais

Outro ponto notável no discurso de Lula foi o seu silêncio sobre a crise na Venezuela e a ditadura de Nicolás Maduro. Apesar de ter retomado as relações diplomáticas com o regime de Maduro e de o Brasil ser um dos países mais afetados pela migração venezuelana, com mais de 125 mil refugiados chegando ao país, Lula não dedicou uma única frase à situação. Em vez disso, preferiu focar no Oriente Médio, condenando Israel de forma parcial e desequilibrada. O discurso, que abordou os direitos dos palestinos, evitou mencionar os ataques terroristas do Hamas que iniciaram o conflito, o que gerou críticas por seu viés anti-Israel.

Discurso de Lula reflete ideologia sem ação

O discurso de Lula na ONU foi mais uma demonstração de sua incapacidade de oferecer soluções práticas para os problemas globais e domésticos. Ele preferiu adotar um tom ideológico, criticando as redes sociais e a iniciativa privada, sem abordar questões cruciais que impactam diretamente o Brasil, como a crise econômica, a corrupção ou os desafios ambientais que seu próprio governo enfrenta.

Enquanto Lula busca se posicionar como uma liderança progressista no cenário internacional, seu discurso falha em oferecer clareza sobre como suas propostas serão executadas. A constante insistência em temas que não condizem com a realidade do seu governo ou com a viabilidade prática de suas ideias deixa evidente que, por trás da retórica, o Brasil ainda carece de ações concretas e eficazes para lidar com os problemas que o afligem.

O discurso, carregado de promessas e críticas, pareceu mais uma tentativa de agradar sua base ideológica do que um compromisso real com a resolução dos problemas globais e internos do Brasil.

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