O editorial do Estadão traz uma análise contundente sobre a drástica queda do Partido dos Trabalhadores (PT) no cenário político brasileiro. Após um auge em que conquistou 411 prefeituras e nove capitais em 2003, o partido agora enfrenta um colapso eleitoral: em 2020, não elegeu nenhuma capital e ficou com apenas 183 prefeituras, o pior desempenho desde seu início de protagonismo.
O PT, que se apresentava como um defensor dos trabalhadores, vê sua base se desintegrar, especialmente em regiões que antes eram suas fortalezas. Em São Paulo, onde o partido nasceu, o desespero é palpável: não lidera em nenhuma das cidades do Grande ABC, e em sua própria capital, sua influência minguou a tal ponto que os candidatos lutam apenas para não serem completamente derrotados.
O que mudou?
O editorial questiona: o que realmente mudou? A resposta é clara: não o PT, mas o Brasil. O partido continua preso a uma ideologia estatizante, hostil à iniciativa privada e envolta em corporativismo, sem se adaptar às demandas de um eleitorado cansado de promessas vazias. Os desmandos durante os 14 anos de governo petista resultaram em um crescimento econômico aquém do esperado, e a corrupção sistêmica, simbolizada por escândalos como o Mensalão e o Petrolão, não só deslegitimou o PT, mas também facilitou a ascensão de líderes da direita como Jair Bolsonaro.
A vitória de Lula em 2022, embora celebrada por alguns, foi conquistada com uma margem apertada. O fato de que Lula, mesmo com todo seu histórico e influência, não conseguiu recuperar a confiança de uma parcela significativa da população é um sinal alarmante para o partido.
A falta de novas lideranças e a estratégia de apoiar candidatos de outros partidos, como Guilherme Boulos, refletem a incapacidade do PT de se reinventar. Enquanto isso, a esquerda brasileira, que poderia ter aprendido com os erros do passado, continua presa à sombra do PT, enfrentando uma crise de identidade que se agrava a cada eleição.
Roberto Campos resumiu a contradição do PT ao dizer que é um partido de trabalhadores que não trabalham. É hora de acrescentar uma nova crítica: o PT se apresenta como “popular”, mas tem perdido os votos do povo. O partido de Lula, que deveria ser uma esperança, se tornou um símbolo de frustração e desilusão para aqueles que esperavam um futuro melhor.