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sábado, 23 novembro, 2024
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Avanço da direita: Como a União Europeia será moldada

Por Marina B.

A direita continua a expandir seu poder na UE, como mostram o novo governo dos Países Baixos, que tomou posse nesta terça-feira, e os resultados da primeira rodada das eleições na França. Esta expansão pode impactar a forma como as decisões serão tomadas nas instituições em Bruxelas.

Os governos nos Estados-membros que incluem forças políticas de direita e eurocéticas podem optar por um de dois caminhos para exercer sua influência no futuro da União Europeia, segundo Dave Sinardet, cientista político da Universidade Livre de Bruxelas, em entrevista à Euronews.

“Por um lado, poderiam minar as políticas europeias internamente. Por outro lado, esses líderes da direita podem perceber que também precisam que a União Europeia seja capaz de cumprir uma série de promessas feitas ao seu eleitorado nacional, especialmente em termos de segurança e imigração”, disse o cientista.

Nomear Dick Schoof, ex-chefe da agência de serviços secretos, como chefe de governo foi a solução encontrada para operacionalizar, nesta terça-feira, um novo executivo nos Países Baixos após a vitória do Partido para a Liberdade, de direita, liderado por Geert Wilders, nas eleições há sete meses.

O acordo formal que cria a nova coalizão, intitulado “Esperança, Coragem e Orgulho”, introduz medidas rigorosas para os requerentes de asilo, elimina o reagrupamento familiar dos refugiados e busca reduzir o número de estudantes internacionais no país.

Esta posição terá impacto na forma como o Pacto de Migração e Asilo da UE será implementado neste país e pode servir de referência para outros Estados-membros críticos do pacto, recentemente aprovado.

“No caso das políticas de migração, vimos posições cada vez mais radicais adotadas pelo Partido Popular Europeu (centro-direita). E quanto ao Pacto Ecológico, o botão de pausa foi pressionado há alguns meses, antes das eleições europeias. Portanto, o sucesso da direita já está sendo traduzido nas políticas europeias de diferentes maneiras”, explicou o cientista político.

A França a seguir?

Além dos Países Baixos, a direita integrou governos de coalizão na Itália, Finlândia, Chéquia e Croácia. A Hungria é o único Estado-membro com um partido de direita no poder com maioria. A França pode ser a próxima a aderir à tendência, face aos resultados das eleições legislativas antecipadas de 30 de junho.

Os líderes de governos de direita podem obstruir o funcionamento da UE, mas esses líderes não estão necessariamente alinhados em relação a todas as questões, especialmente quando se trata de política internacional e, por exemplo, da guerra na Ucrânia.

Se a segunda rodada, em 7 de julho, confirmar a vitória da União Nacional, o presidente centrista Emmanuel Macron ficará mais isolado. Macron controlaria menos políticas internas, como as relacionadas à economia e à justiça, e teria menos influência no Conselho Europeu, que reúne os líderes dos 27 países da UE.

“O que é claro é que o presidente francês, Emmanuel Macron, está muito enfraquecido pelos atuais resultados eleitorais e isso, provavelmente, não mudará no próximo domingo”, afirma Dave Sinardet.

“Ele será, de fato, um presidente enfraquecido à mesa europeia, o que também pode impactar o eixo franco-alemão, que historicamente, e ainda hoje, é uma das principais forças motrizes da política europeia”, acrescentou.

Um dossiê político não pode ser aprovado quando quatro Estados-membros, que representam 35% da população da UE, se abstêm ou votam contra.

Além da migração e do Pacto Ecológico, algumas das áreas que podem ser mais afetadas são a gestão da guerra na Ucrânia e o apoio aos países candidatos à adesão à UE. Mas, nesses tópicos, a falta de pontos de vista comuns pode dificultar a mudança de curso.

“Os líderes de governos de direita podem obstruir o funcionamento da UE, mas esses líderes não estão necessariamente alinhados em relação a todas as questões, especialmente quando se trata de política internacional e, por exemplo, da guerra na Ucrânia. Portanto, não está claro se conseguirão sempre encontrar um compromisso entre si”, observa o professor universitário.

Por outro lado, alguns líderes de direita têm uma reputação de serem bastante construtivos na UE, como é o caso da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni.

A atual presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, costuma ressaltar que esta é pró-europeia, pró-Estado de direito e pró-Ucrânia, e que pode ter um papel mediador nas políticas europeias nos próximos cinco anos.

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